Um velho doutor que sempre trabalhara no meio rural, achou que tinha chegado a hora de se aposentar depois de ter exercido a medicina mais de 50 anos !
Ele encontrou um jovem médico para o lugar dele, e sugeriu ao novo diplomado de o acompanhar nas visitas domiciliares, para que as pessoas se habituassem a ele progressivamente.
Na primeira casa uma mulher queixou-se que lhe doía muito o estômago.
O velho doutor respondeu-lhe:
- Sabe, a causa provável, é que você abusou das frutas frescas... Por que não reduz a quantidade que consome ?
Quando eles saíram da casa
O jovem disse:
- O senhor nem sequer examinou aquela mulher...Como conseguiu chegar a este diagnóstico assim tão rápido ?
- Oh, nem valia a pena examiná-la...Você notou que eu deixei cair o estetoscópio no chão ? Quando me baixei para apanhá-lo, notei que havia meia dúzia de cascas de bananas no balde do lixo. É provável que fosse isso que lhe deu as dores.
- Hum ! Que esperteza ! Eu penso que vou tentar empregar essa técnica na próxima visita.
Na casa seguinte, eles passam vários minutos a falar com uma mulher ainda jovem. Ela queixava-se de uma grande fadiga:
- Eu me sinto completamente vazia...
O jovem doutor disse-lhe então :
- Você deu provavelmente muito de si mesma para a igreja...Talvez que, se reduzir essa actividade, lhe permita recuperar um pouco de energia.
Assim que deixaram aquela casa, o velho doutor disse para o novo :
- O seu diagnóstico surpreendeu-me...Como é que chegou à conclusão que aquela mulher se dava de corpo e alma aos trabalhos religiosos ?
- Eu apliquei a mesma técnica precedente que o senhor me indicou : deixei cair o meu estetoscópio, e quando me baixei para o apanhar, vi que o padre estava debaixo da cama...!!!
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
EUGÉNIO DE ANDRADE
A hipertensão arterial é, geralmente, uma afecção sem sintomas na qual a elevação anormal da pressão dentro das artérias aumenta o risco de perturbações como o AVC, a ruptura de um aneurisma, uma insuficiência cardíaca, um enfarte do miocárdio e lesões do rim.
A palavra «hipertensão» sugere uma tensão excessiva, nervosismo ou stress. No entanto, em termos médicos, a hipertensão refere-se a um quadro de pressão arterial elevada, independentemente da causa. Chama-se-lhe «o assassino silencioso» porque, geralmente não causa sintomas durante muitos anos (até que lesiona um órgão vital).
A hipertensão arterial afecta muitos milhões de pessoas com uma diferença notória conforme a origem étnica. Por exemplo, nos Estados Unidos, onde afecta mais de 50 milhões de pessoas, 38 % dos adultos negros sofrem de hipertensão, em comparação com 29 % de brancos. Perante um nível determinado de pressão arterial, as consequências da hipertensão são mais graves nas pessoas de raça negra.
Nos países desenvolvidos, calcula-se que só se diagnostica esta perturbação em dois de cada três indivíduos que dela sofrem, e só 75 % deles recebem tratamento farmacológico, e este só é adequado em 45 % dos casos.
Quando se mede a pressão arterial, registam-se dois valores. O mais elevado produz-se quando o coração se contrai (sístole); o mais baixo corresponde à relaxação entre um batimento e outro (diástole). A pressão arterial transcreve-se como a pressão sistólica seguida de uma barra e, em seguida, a pressão diastólica [por exemplo, 120/80 mmHg (milímetros de mercúrio)]. Esta medição seria lida como «cento e vinte, oitenta».
A pressão arterial elevada define-se como uma pressão sistólica em repouso superior ou igual a 140 mm Hg, uma pressão diastólica em repouso superior ou igual a 90 mmHg, ou a combinação de ambas. Na hipertensão, geralmente, tanto a pressão sistólica como a diastólica estão elevadas.
Na hipertensão sistólica isolada, a pressão sistólica é superior ou igual a 140 mmHg, mas a diastólica é menor que 90 mmHg (isto é, esta última mantém-se normal).
A hipertensão sistólica isolada é sempre mais frequente na idade avançada. Quase em todas as pessoas a pressão arterial aumenta com a idade, com uma pressão sistólica que aumenta até os 80 anos pelo menos e uma pressão diastólica que aumenta até aos 55 a 60 anos, para depois estabilizar-se e inclusive descer.
MANUAL MERCK para a Família